pequena aula de escrita coreana

Conheci o sul coreano Jaemin Song em Plovdiv, Bulgária, em 2015. Cantou-me o Anel de Rubi de Rui Veloso mal soube que eu era português — ele estava a viajar e empenhou-se em aprender uma música de cada país que visitava. Em 2017 veio para Portugal estudar na Faculdade de Letras e deu uma aula sobre a DMZ, Zona Desmilitarizada entre as duas coreias, os 2 km acima e abaixo da fronteira. Falou um pouco sobre o serviço militar obrigatório e alguma da história da relação entre os dois países. Ainda nesse dia, convidei-o para almoçar e no final deu-me uma aula sobre a nova escrita coreana.

A nova escrita coreana é particular porque, ao contrário de outros alfabetos, sabemos a origem e o significado dos caracteres. A forma dos caracteres tem uma razão de ser — está associada à simbologia do Tao, que exprime a ideia de ciclo/renovação, presente na Natureza; e também se relaciona com a origem do som no aparelho vocal, por exemplo, a posição que a língua faz para exprimir a vogal ou consoante. Neste sentido, é uma escrita intuitiva, simbólica e graficamente lógica.

A consoante N, por exemplo, escreve-se ㄴ, cuja curvatura exprime não só a posição da língua durante a vocalização do som 'n' — toca nos dentes de cima — como, simbolicamente, representa uma língua de fogo.

 

Vogais e Consoantes da escrita Coreana, ilustrações de Sílvio Vieira com base no rascunho da aula de Jaemin Song

Sílvio

Sílvio Vieira nasceu em Leiria em 1994. Estudou Sociologia no ISCTE-IUL e é licenciado em Teatro (Actores) pela Escola Superior de Teatro e Cinema (2018). Complementou a sua formação académica com Miguel Seabra, Sofia de Portugal, Philipp Rost, Mike Bernardin, Monika Gossmann e Jan Pappelbaum (cenografia). Iniciou o seu percurso como actor no Teatro da Cornucópia, sob direcção de Luis Miguel Sintra, de onde destaca os espectáculos "Pílades", "Lisboa Famosa (Portuguesa e Milagrosa)" e "Hamlet". No Teatro Nacional D. Maria II trabalhou com Tiago Guedes, Álvaro Correia e Miguel Loureiro. Em teatro trabalhou ainda como actor em espectáculos de Ana Zamora, Ricardo Neves-Neves e Carlos J. Pessoa. Intérprete em performances de André e. Teodósio e Patrícia Moreira. Em cinema trabalhou, entre outros, com Jorge Cramez, João Leão e Pedro Cabeleira. Lecciona teatro a um grupo de pessoas com doenças de risco na associação Ser+ de prevenção e desafio ao VIH. Do seu trabalho autoral destacam-se a co-criação do primeiro espectáculo da companhia de teatro As Crianças Loucas, da qual faz parte desde 2017; o texto e co-criação de "Dentro3" para a Fábrica das Artes-CCB com Ana Catarina Santos; bem como o texto e co-criação do primeiro espectáculo do outro, "as árvores deixam morrer os ramos mais bonitos", peça com a qual foi autor seleccionado pelo comité português do Eurodram em 2020. Co-fundador de outro.

https://www.facebook.com/silviograterol
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