Esta página é um arquivo de artigos escritos na altura da fundação de outro, pelas mãos d_s quatro fundador_s: João Leão, Patrícia Moreira, Sílvio Vieira e Sofia Fialho.
sobre o estrangeiro e a cidade
Nunca nos sentimos tão solitários e isolados como no bulício das grandes cidades. Porque aqui, como noutros lugares, não é de modo algum necessário que a liberdade dos indivíduos se reflicta na sua vida emocional como experiência agradável.
pequena aula de escrita coreana
A consoante N escreve-se ㄴ, cuja curvatura exprime não só a posição da língua — toca nos dentes de cima — como, simbolicamente, uma língua de fogo.
o paradoxo da criação
Um equilíbrio que começa por existir na Natureza e se estende a todos os domínios da vida humana, inclusive aos mais artificiais.
as aventuras alucinantes de uma pedra-pomes III
A cabeça: arena da primeira crueldade. Espreme-se o pensamento numa coisa pequena, conhecida, e logo se perdem vitaminas.
as aventuras alucinantes de uma pedra-pomes II
“De todos os mortais só os homens parecem demorar uma eternidade a calar-se. Essa pedra está cá há mais tempo e não faz tantas perguntas.”
as aventuras alucinantes de uma pedra-pomes I
No meio desses silêncios, nos pontos finais de frases em branco, Pomes vai destapando, pouco a pouco, fantásticas histórias desde o tempo do pó.
a crescente desumanização mundial
Vivemos uma negociação ininterrupta entre o balanço da sociedade e a urgência de expressão plena do “eu”.
ilustrativo pleonasmo ilustrativo
Se a justaposição de linguagens anula o objecto e o interesse em decifrá-lo, a hipótese não ilustrativa será uma de desvio, de perversão.
rascunho para uma descrição
A terra lamacenta — leito ornado a cravos — recebera de braços abertos aqueles filhos condenados pelos próprios irmãos.
insectos POP
Afinal, porque é que os cientistas não podem ouvir e dançar o Whenever, Wherever enquanto descobrem novas espécies de insectos?
sobre a criação agridoce de novos grupos artísticos
O impossível é reduzir a distância com aquilo a que alguns chamam amor, outros empatia, outros humildade, outros humanidade.
da identidade e da política
Ainda que me provassem que a Revolução é impossível, continuaria a pensá-la não como im(possibilidade) mas como (im)possibilidade.
uma fresca, clara e deliciosa perspectiva
Ainda que possamos admitir a existência de outras causas para o mesmo fenómeno, sempre haverá uma capaz de alimentar sozinha a raiva, o movimento ou a paixão.
porque coisificamos?
No intelecto não existe artefacto físico. Por isso coisificamos os pássaros do espírito vivo em livros, quadros, música, poemas, esculturas.
dissonância cognitiva III — práxis
Não como o gafanhoto porque mandas, como porque gosto mesmo do sabor, é particular, e é sempre bom experimentar coisas novas, não é verdade?
dissonância cognitiva II — ferida
A dissonância é uma força criadora: impele à acção. A sede move-nos em direcção à água como a dissonância em direcção à consonância.